Assim que vendemos nossa casa, o desafio seguinte foi resolver como seria a educação de nossos filhos fora da escola. Então, mergulhamos na pesquisa e aprendemos sobre várias alternativas. Primeiro, descobrimos que muitos nômades optam pelo Homeschooling, o que significa aplicar um currículo escolar em casa. Em seguida, ouvimos falar do Unschooling, que é o método que permite que a criança decida quando e como quer aprender. Como dizem os proponentes do método, é respeitar as crianças como responsáveis por suas escolhas desde cedo na vida.
Minhas primeiras reações ao Unschooling foram: “É muito extremo, não serve aqui pra casa!”, “Se funcionasse, eu já teria ouvido falar”, “Pode funcionar com os filhos de outras pessoas, não com os meus”. Então, ignorei essa opção e analisei mais a fundo o Homeschooling.
Mas na pesquisa sobre como seria a vida como nômade, conhecemos algumas famílias que moravam em motorhome e adotavam o Unschooling. E começamos a ver o quão normais as crianças delas pareciam ser. Mais do que normais, elas tinham algo diferente que me intrigava, um brilho nos olhos quando falavam sobre o que estavam estudando. Elas falavam sobre seus interesses, sobre o que estavam fazendo, com entusiasmo e alegria – algo que eu não via em meus filhos ou em outras crianças ao meu redor. E elas também não tinham vergonha de falar sobre assuntos de seu interesse com os adultos, faziam perguntas e explicavam as coisas.
Mesmo cheio de insegurança e incerteza, resolvi ler mais sobre algo que parecia tão absurdo, mas que me deixara curioso. E quanto mais eu lia e pesquisava, mais eu queria aprender sobre o assunto.
A primeira coisa que me impressionou foi saber que nosso modelo de educação tradicional é uma invenção bastante recente. Foi importado da Prússia há menos de um século, quando industriais proeminentes, como Henry Ford e John D. Rockefeller, contrataram o decano de Stanford Ellwood P. Cubberley para desenvolver um sistema educacional que, nas palavras do professor John Taylor Gatto, produzisse “intelectos medíocres… para garantir cidadãos dóceis”.
O objetivo do sistema era criar funcionários obedientes para as fábricas que começavam a se espalhar pelo país. O próprio Cubberley escreveu, na época: “Nossas escolas são… fábricas nas quais os produtos brutos (crianças) devem ser moldados e modelados…”. Tudo de acordo com a intenção dos industriais, que mais tarde contratariam essa massa de funcionários obedientes.
A intenção era desenvolver um modelo de educação em que a lição mais importante fosse a submissão à autoridade e a memorização de regras, fatos e instruções pré-selecionadas. As fábricas precisavam de funcionários, e bons funcionários eram os que conseguiam memorizar as ordens recebidas e obedecê-las com diligência. É por isso que, até hoje, toda criança que obedece cegamente aos professores e memoriza suas lições sem questionar o que é ensinado é considerada um aluno de sucesso.